PROPOSTA
O objetivo inicial da proposta consiste em entrevistar personagens de gêneros cinematográficos, que expõem o contexto padrão de suas histórias e vivenciam cenas comuns do cotidiano. Intermediando essa situação está o documentarista, que não é somente o fio condutor da narrativa, bem como proporciona uma metalinguagem no diálogo entre criador e criatura. Além disso, sua presença extrapola o convencional, visto que é um personagem ficcional representando uma figura real num filme de ficção que intenta ser um documentário. Liberdades artísticas a parte, os dois segmentos se unem e formam uma simbiose voltada ao entretenimento, porém capaz de promover reflexões e discussões.
Para tal desenvolvimento, não houve inspiração específica num documentário; priorizou-se o estudo do livro Roteiro de Documentário - Da Pré-Produção à Pós-Produção (Sergio Puccini) para apreender as maneiras como um projeto desse tipo pode ser desenvolvido, desde a pré-produção até a finalização. Consequentemente, isso permitiu estabelecer a estrutura básica de como este seria realizado. O foco foi direcionado para os personagens e seus respectivos gêneros cinematográficos; cada personagem, num total de cinco, surge em três cenas cada, para falar sobre o começo, desenvolvimento e final de sua história. Valorizando essa participação, ao invés de trazê-los ao mundo real, o documentarista e o público vão ao universo desse personagem, conhecendo seu figurino, direção de arte, fotografia, movimentos de câmera e sua ação característica. Tudo isso permite uma nova dimensão de cinema, pautado e ritmado pelo documentarista.
Quanto à descrição dos objetos de estudo, por tratar-se de personagens, obviamente não são reais, porém a
intenção foi justamente inverter esse contexto, retratá-los como figuras pertencentes à realidade, como pessoas normais que vivem determinadas rotinas em seu gênero cinematográfico e discursam sobre os aspectos positivos e negativos de suas vidas. Concomitante a isso, eles são mostrados em cena para exemplificar registros fílmicos que mostram o cotidiano desses personagens. Dessa maneira, o significado do filme é potencializado, pois a ficção torna-se realidade para encenar ela mesma, enquanto a realidade, através da figura do documentarista, torna-se um personagem para ressaltar o real.
intenção foi justamente inverter esse contexto, retratá-los como figuras pertencentes à realidade, como pessoas normais que vivem determinadas rotinas em seu gênero cinematográfico e discursam sobre os aspectos positivos e negativos de suas vidas. Concomitante a isso, eles são mostrados em cena para exemplificar registros fílmicos que mostram o cotidiano desses personagens. Dessa maneira, o significado do filme é potencializado, pois a ficção torna-se realidade para encenar ela mesma, enquanto a realidade, através da figura do documentarista, torna-se um personagem para ressaltar o real.
Essa complexidade representa um grande atrativo ao filme e promove reflexões a respeito da metalinguagem cinematográfica. Para isso, a abordagem e estrutura narrativa são fundamentais, exemplificada no comportamento dos personagens. Ao olharem para a câmera durante a entrevista, os personagens conversam com o documentarista e também com o espectador, tentam convencê-los de que aquilo é real e que não há possibilidades de alterações na história. Ao mesmo tempo, cada participante atua de forma blocada, ou seja, as histórias são fragmentadas para evitar um desgaste visual e textual, ao mesmo tempo em que permite uma diferenciação completa de cada gênero abordado. Todo esse formato mencionado está diretamente ligado ao cinema documental, priorizando-se a modalidade de entrevistas e a relação da câmera com o personagem, aqui muito mais profunda e repleta de significados do que propriamente um documentário convencional.